Aarão Reis e Saturnino de Brito
Surge, em 1892, a indicação do engenheiro Aarão Reis (1853-1936), o qual já era conhecido do novo governador do estado, Afonso Pena (1847-1909). A comissão organizada por Aarão Reis recebeu instruções governamentais definindo que o estudo deveria levar em conta uma cidade para 150 ou 200 mil habitantes. Foram determinados nove aspectos a serem observados no estudo. A localidade ideal deveria ter boas condições naturais de salubridade; abastecimento abundante de água potável; facilidade de implantação de esgotos, bem como conveniente escoamento das águas pluviais e drenagem do solo; oferta de condições favoráveis para a edificação e construção em geral. (Arruda, 2012 p. 97)
Além de realizar os estudos das localidades para a nova capital de Minas, o engenheiro Aarão Reis também foi o responsável por seu planejamento e construção. Na realização da planta da Cidade de Minas, Aarão Reis aplicou suas concepções de sociedade, de progresso e de civilização, bem como expressou os conhecimentos de urbanismo adquiridos na Escola Politécnica do Rio de Janeiro e em sua prática profissional. (Arruda, 2012 p. 107)
A proposta urbanistica da nova capital procurou viabilizar uma ideologia de cidade que remetia a ... linearidade, a geometrização, a salubridade, a comodidade, a hierarquização dos espaços e a busca da beleza também foram aspectos vitais que informaram os projetistas. Estes estavam sintonizados com os saberes urbanísticos (tributários dos ideais iluministas) e críticos da época aos problemas das primeiras cidades industriais inglesas. No entanto, muitas das soluções urbanísticas criadas por Aarão Reis, contraditoriamente, remetiam ao urbanismo barroco. (Arruda, 2012 p. 112)
O tipo de zoneamento proposto por Aarão Reis demonstra a intervenção técnica no espaço e a racionalidade do processo, ao mesmo tempo em que revela a busca da harmonia em benefício do progresso social. No entanto, as formas de apropriação deste modelo levaram historicamente a um tipo de ocupação que revelou a hierarquização social e usufruto diferenciado e altamente excludente do espaço citadino. (Arruda, 2012 p. 113)
Saturnino de Brito era um engenheiro politécnico, um intelectual de ciências, categoria que incorpora os engenheiros formados pela antiga École Centrale (França) e pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Esses profissionais orientavam-se segundo uma ideologia comum, fundada no positivismo. (Águas Urbanas e Urbanismo na passagem do século XIX ao XX: o trabalho de Saturnino de Brito, 2013 p. 9)